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segunda-feira, 5 de março de 2012

Pronto para Londres, Rubén Magnano avisa: ‘A fome é ainda maior agora’

Campeão olímpico em Atenas-2004 com a Argentina, técnico da seleção brasileira quer vencer o grande desafio em sua terceira participação nos Jogos

 

Por duas vezes, Rubén Magnano pisou em solo olímpico. Como assistente, na edição de Atlanta-96, viu a Argentina terminar em nono lugar. Oito anos mais tarde, ajudou a eternizar o nome pelo qual sempre será lembrada aquela equipe. Sob sua batuta, a Geração Dourada entrou para um grupo seleto, do qual até então só faziam parte os Estados Unidos, a União Soviética e a Iugoslávia. Depois da medalha de ouro em Atenas-2004, o treinador saiu de cena. E após longa ausência, prepara o retorno aos Jogos para daqui a quatro meses. E garante: os anos passam, mas o sentimento de viver algo especial segue intacto. Para o comandante da seleção brasileira, que já fala “fome” no lugar de “hambre”, o apetite de competir neste nível está ainda maior agora.
Ruben Magnano basquete seleção (Foto: AFP) 
Magnano à beira da quadra: pulso firme e mentalidade defensiva no basquete brasileiro (Foto: AFP)
Sorte do Brasil, que após um jejum de 15 anos precisa aproveitar a oportunidade, como Magnano gosta de dizer. Exatamente como fizeram Ginóbili, Scola & Cia., que em julho irão encerrar o ciclo da mais vitoriosa geração que os hermanos já tiveram. Magnano não esconde a honra de ter feito parte dessa história nem o sentimento de estar próximo a uma despedida. Apesar dela, olha para frente. Quer escrever um novo capítulo, agora com tons em verde e amarelo. A preparação terá início em junho, com um grupo de 16 jogadores. A programação ainda está sendo fechada, mas certo mesmo é que enfrentará Estados Unidos e Argentina durante o período. Aguarda com ansiedade o processo de naturalização do armador americano Larry, do Bauru, e só faz mistério quando o assunto diz respeito à convocação. Não dá uma pista sequer se vai chamar ou não Leandrinho e Nenê.
Depois de um período cuidando da família em Córdoba e de ver seu sobrinho, filho da irmã de sua esposa Patrícia, ser convocado para a seleção argentina sub-15, Magnano está de volta a São Paulo. Na última quinta-feira, começou a viajar pelo país para acompanhar os jogos do NBB. Em abril, dará um pulinho na Europa parar assistir a algumas partidas e conversar com jogadores. Sabe que precisará controlar a ansiedade dos experientes porém calouros olímpicos, mas está confiante de que seus meninos farão um bom trabalho.
A fome que tenho de competir nesse nível é ainda maior agora. Ainda mais porque marca a volta do Brasil. O país precisa ingressar num patamar de competição importante e aproveitar o momento que está vivendo para que o basquete no país cresça."
Rubén Magnano
GLOBOESPORTE.COM: A última vez que você disputou os Jogos foi em 2004. A sensação de voltar a participar do evento é a mesma?
Rubén Magnano: Sem dúvida. Já tive três possibilidades de estar presente nos Jogos: em Atlanta, Atenas e Londres. Todo atleta, todo treinador e pessoa que tem a possibilidade de participar sente orgulho de representar o seu país. É algo com um valor muito especial, e é preciso aproveitar essa possibilidade. Sempre acho um desafio muito grande disputar uma edição de Olimpíadas. Mas o certo é que a experiência que peguei me faz encarar cada uma delas de forma diferente. A fome que tenho de competir nesse nível é ainda maior agora. Ainda mais porque marca a volta do Brasil. Já falei antes do Pré-Olímpico e repito: o Brasil precisa ingressar num patamar de competição importante e aproveitar o momento que está vivendo para que o basquete no país cresça.

E como você acha que vai controlar a ansiedade de um grupo que disputará as Olimpíadas pela primeira vez?
Felizmente nós temos jogadores muito experientes, que são muito importantes em seus clubes. Vai ser uma coisa que vão canalizar, mas vou ter que conduzir isso para liberá-los da pressão. As pessoas são diferentes. O que precisam entender é que no basquete se pode ganhar ou perder, não há empate, mas é preciso sempre jogar 100%. Se injetar pressão, acredito que se vai para um mau caminho, e a equipe não rende tudo.
Ruben Magnano na partida do Brasil contra a Argentina (Foto: AFP) 
O técnico argentino vai às Olimpíadas pela
terceira vez (Foto: AFP)
Qual a mellhor lembrança que guarda dos Jogos?
A conquista do ouro. Poucos países, se não me engano quatro, ganharam um na história do basquete olímpico.
O torneio olímpico é muito curto e não permite erros...
Sim, é um torneio muito curto, cruel e duro. Não se pode mesmo errar. Um resultado pode jogar uma seleção para cima ou para baixo. Então, é muito importante se preparar mentalmente, tecnicamente, fisicamente e taticamente.
A seleção já atingiu o nível desejado nesses quesitos?
O tempo de preparação de uma seleção não é tão grande quanto nos clubes, não são mais de 50 dias, e não se chega a conseguir tudo o que quer. Mas a nossa estratégia de jogo mudou, passamos a dar prioridade ao aspecto defensivo. Passamos a jogar com gente experiente e também jovem. No Mundial da Turquia, infelizmente não conseguimos passar à fase dos oito melhores como estávamos vislumbrando, mas a equipe estava tomando corpo e acabou de pegar no Pré-Olímpico.
Quando será iniciada a preparação e com que número de jogadores você deve trabalhar?
Nos primeiros dias da segunda semana de junho. A partir do dia 10. Há uma grande possibilidade de treinarmos em São Paulo, mas isso ainda não está fechado. Eu não costumo trabalhar com mais de 16 jogadores. Se precisar de mais algum, eu convoco.
Lesões sempre preocupam um treinador quando um jogador pertence que pertence ao grupo se machuca. Mais pelo tempo de recuperação, porque perdem competitividade. Mas eu sou otimista e eles (Varejão e Nenê) vão ficar bem."
Rubén Magnano
Fora a ida a Washington para enfrentar os Estados Unidos, já foi definido o calendário com os outros países com quem pretende fazer jogos preparatórios?
Temos um calendário mais ou menos diagramado com 11, 12 jogos. Queremos participar de torneios na Argentina, na França e na Inglaterra. Mas muita coisa muda. Fechado mesmo está o jogo contra os EUA, um torneio na Argentina, onde enfrentaremos a seleção local e acho que a Tunísia. No retorno ao Brasil, voltaremos a jogar com a Argentina e com alguma seleção que jogará o Pré-Olímpico na Venezuela. E nesse caso pode ser Grécia, Lituânia, Rússia ou Macedônia.
No Mundial da Turquia, em 2010, o Brasil fez um grande jogo contra os americanos. O que você espera desse amistoso contra um time que agora também deve contar com a experiência de jogadores como Kobe Bryant e LeBron James?
É um jogo preparatório, mas vamos competir da melhor maneira possível, fazendo o melhor jogo possível. Nós fomos a equipe que jogou melhor contra os Estados Unidos no Mundial. Não é uma partida classificatória, mas vamos tentar jogar de igual para igual e preparar a equipe.
As lesões de Anderson Varejão (fratura na mão) e Nenê (problema na virilha) te preocupam?
Lesões sempre preocupam um treinador quando um jogador que pertence ao grupo se machuca. Mais pelo tempo de recuperação, porque perdem competitividade. Mas eu sou otimista e eles vão ficar bem.
A questão de convocar ou não Leandrinho e Nenê já foi definida na sua cabeça?
Você vai ver no dia que sair a convocação (risos).
Larry seleção de basquete (Foto: Gaspar Nóbrega / Divulgação) 
Larry Taylor: Magnano ainda espera pelo armador
de Bauru (Foto: Gaspar Nóbrega / Divulgação)
Você tem acompanhado a situação do processo de naturalização do Larry?
Perguntei e me disseram que está bem avançado e bem encaminhado. Mas ainda não está fechado. E eu ainda vou esperar porque ele é um jogador que pode ajudar. Não estou falando que ficará entre os 12, mas é um jogador interessante.
Como nas vezes anteriores, você vai fazer viagens para conversar com os jogadores?
Este ano vou viajar para a Europa, possivelmente em abril. Estou analisando o calendário para utilizar bem os dias, para assistir a alguns jogos e falar com os atletas. Já comecei a viajar pelo Brasil nesta quinta-feira, quando fui a São José ver a partida contra o Uberlândia.
Como vai ser ver pela última vez a Geração Dourada da Argentina em ação nos Jogos?
Foi um privilégio, que poucos treinadores têm, de treinar uma grande equipe. Foi uma geração muito boa que marcou os últimos 10 anos do basquete argentino. E, como tudo na vida, vai começar a se despedir. Todos os ciclos passam. Eu dirijo o Brasil agora. E sei que o mais importante é que não se deve ficar olhando resultados e, sim, trabalhar para se manter dando resultados.
No mês passado o seu sobrinho (Santiago Ré) foi convocado para a seleção sub-15 da Argentina. Será que a família terá mais um representante daqui a alguns anos, em outras edições olímpicas?
É um orgulho para a família. Ele joga na posição 2 (ala-armador), já foi da seleção de Córdoba. Ele é muito menino, é a primeira convocação, e não sei se vai ficar ou não. Oxalá ele chegue a ser um medalhista olímpico. Eu nunca digo nunca (risos).

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