Borja, que nasceu na Espanha, sofre com crise diplomática entre os países
Há duas semanas, quando o Atlético-MG se preparava para estrear no Brasileirão, o técnico Cuca revelou, para justificar a queda de rendimento do jogador, queEscudero passava por problemas particulares. O meia chegou a ser cortado até do banco de reservas para a decisão do Campeonato Mineiro, diante do América-MG.
O treinador desconversou, e o clube tratou o assunto com discrição, já que o problema do jogador era familiar. Mais especificamente com o filho único de Escudero, o pequeno Borja, de dois anos e oito meses. E a questão não era de saúde, mas sim de burocracia, o que acabou por afetar o comportamento do atleta na vida pessoal e profissional.
Borja nasceu na região de Valência, na Espanha, quando Escudero defendia o Valladolid. Por ser espanhol, o garoto não conseguia ingressar no Brasil, pois o país havia adotado em março a política de reciprocidade para os espanhóis entrarem em terras brasileiras.
A criança estava na Argentina no período em que as relações burocráticas entre os países tornaram-se mais difíceis. Vários brasileiros tiveram dificuldades em entrar na Espanha, e muitos foram deportados.
- Eu e minha esposa tivemos essa experiência para entrar na Espanha. São rigorosos lá. Agora, com um menino de dois anos, acho exagerado. Não vai trabalhar nem nada. Perguntaram para minha esposa onde ele ficaria, se tinha hotel. Ela falou que ele ficaria na casa do pai, que tem residência. Mas as relações do consulado da Espanha com o Brasil são assim - explicou Escudero.
No dia a dia no Atlético-MG, Escudero demonstrava angústia durante os treinos. Tímido e bastante discreto, o argentino destoava dos companheiros nas brincadeiras de grupo. O meia revelou que passou por um dos momentos mais difíceis da carreira, já que Borja demorou a ingressar no país.
- Foi complicado. Falava com minha esposa, pelo telefone, e com ele também, que dizia estar com muitas saudades. Creio que meu rendimento caiu muito, e foi antes das finais do Mineiro. Treinava, mas com a cabeça longe, em meu filho, em minha esposa. E não estava 100%. Acredito que fiquei fora por isso.
Reencontro com o bom futebol
Aos poucos e com a ajuda do departamento jurídico do Atlético-MG, Escudero resolveu a situação, pelo menos momentaneamente. O meia está com o filho em Belo Horizonte, pois conseguiu passaporte de turista para Borja, que assim garantiu permanência no Brasil por 90 dias.
- Foi muito bom quando chegou a família, que é tudo para mim. É ela que me apoia sempre, em qualquer situação. E agora estou 100% focado nos treinos e nos jogos.
O bom momento se refletiu em campo. Na estreia no Campeonato Brasileiro, o argentino marcou o primeiro gol com a camisa do Galo e decretou a vitória por 1 a 0 sobre a Ponte Preta, fora de casa, onde o clube nunca havia vencido pela competição (assista ao lance no vídeo ao lado).
Mas a questão do pequeno Borja ainda não está definida. O prazo para permanecer no Brasil termina em junho, e o jogador corre contra o tempo para regularizar a situação do filho.
- Como ele oode ficar três meses, já tem uma passagem marcada para o fim de junho para ir para a Argentina. Mas tenho que resolver isso antes, para que ele possa regressar novamente ao país – disse Escudero, que explicou que tenta conseguir a cidadania argentina para Borja, para a criança ter o direito de ir e vir ao Brasil. - Como espanhol, ele não pode sair e voltar. Tem que ser como argentino.
Mineirinho
Escudero também se prepara para receber o segundo filho com a esposa, Florência, grávida de quatro meses. O casal já definiu que o caçula nascerá em Belo Horizonte.
- Vai nascer aqui. Vai ser brasileiro. Estou muito feliz no país, com o jeito como tratam o argentino aqui. Joguei no Grêmio um ano e gostei muito do povo brasileiro. Agora, gosto muito de viver em Belo Horizonte. Virá um mineirinho por aí.
E com a expectativa do nascimento do segundo filho, Escudero revelou que não voltará mais a jogar na Espanha.
- Imagine como será para ele, como brasileiro, entrar na Espanha? Não quero passar por isso de novo. Já deu muito problema. Prefiro ficar aqui, onde estou muito bem.
O contrato de Escudero com o Galo vai até o fim do ano, e o jogador não pensa em deixar as terras mineiras.
- Tenho contrato até dezembro e quero ficar no Atlético-MG. Prefiro ficar (em MInas Gerais), já estou acostumado, e minha família se adaptou muito bem. Gostamos muito do pão de queijo.
O Ministério da Justiça informou que Escudero, por ser um estrangeiro com residência temporária no Brasil, tem o direito de manter o filho no país. O Atlético-MG, por sua vez, não quis falar do assunto e disse que o departamento jurídico do clube tem dado assistência ao atleta.
Confira todo o drama do argentino no Globo Esporte MG, nesta quinta-feira, às 12h50m.
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