Primeira do país nos Jogos, Yamilet Peña é a única ginasta a executar em competições o Produnova, movimento com o maior grau de dificuldade
Ela é, por unanimidade, a que corre mais riscos na ginástica artística. Vira e mexe cai sentada, de costas ou de barriga no chão. Contrai o rosto, geme de dor. Não desiste. Se, na próxima semana, conseguir fincar os dois pés no colchão após o voo sobre a mesa e os dois mortais de frente, provavelmente caminhará dali direto para o pódio. Para o topo dele. Primeira ginasta da República Dominicana em Olimpíadas, Yamilet Peña, de 19 anos, é estrela em um país que tem apenas quatro medalhas nos Jogos, nenhuma delas conquistada por mulheres. Tem na brasileira Daiane dos Santos uma torcedora fiel.
Daiane chegou a treinar o Produnova, mas nunca o executou em campeonatos. Ninguém o faz, só Yamilet. O salto foi visto com perfeição pela primeira vez em 1999, com a russa Elena Produnova (veja o vídeo). Dezenove anos antes, porém, Choe Jong Sil, da Coreia do Norte, se arriscou nele durante os Jogos de Moscou-1980. Caiu sentada e, por isso, não teve direito a batizá-lo.
Daiane chegou a treinar o Produnova, mas nunca o executou em campeonatos. Ninguém o faz, só Yamilet. O salto foi visto com perfeição pela primeira vez em 1999, com a russa Elena Produnova (veja o vídeo). Dezenove anos antes, porém, Choe Jong Sil, da Coreia do Norte, se arriscou nele durante os Jogos de Moscou-1980. Caiu sentada e, por isso, não teve direito a batizá-lo.
- A ginasta tem que estar bem aquecida. São dois mortais: se errar, escorregar... Se fizer um mortal e meio, pode cair de cabeça. Tem que ter muito domínio. A dificuldade é tão grande que, mesmo se ela cair de bunda, vai tirar mais de 15 pontos. É legal a Yamilet tentar isso porque é um país que não tem muita tradição. Torcemos para ela acertar - diz Daiane.
No Mundial de Tóquio, no ano passado, Yamilet acertou o salto nas eliminatórias. Na final, errou feio: costas no chão. Queda de costas ou de barriga é sinônimo de nota zero. O outro salto que ela costuma tentar é bem simples. O resultado leva em conta as duas notas.
- Se ela cair em pé, mesmo com uma execução ruim, será a maior nota da competição com uma grande diferença para a segunda colocada. Mas o salto é muito difícil, e a chegada não tem contato visual porque vem de frente. Mas veja que a nota final é a média dos dois saltos, então ela precisa ter outro salto de grau de dificuldade alta e também acertar - conta a árbitra brasileira da Federação Internacional de Ginástica (FIG), Andréa João.
A decisão de arriscar o Produnova foi tomada há apenas um ano. Yamilet e seu treinador, Francisco Sanchez Susana, sonhavam com o Mundial do Japão e com as Olimpíadas.
- Só teria chance de me classificar às Olimpíadas se fizesse algo que não tivessem visto. Para as meninas é muito mais difícil executá-lo porque não temos tanta força quanto os meninos - conta Yamilet, após um treino em ginásio ao lado de arena de North Greenwich, onde serão as competições de ginástica.
No Mundial de Tóquio, no ano passado, Yamilet acertou o salto nas eliminatórias. Na final, errou feio: costas no chão. Queda de costas ou de barriga é sinônimo de nota zero. O outro salto que ela costuma tentar é bem simples. O resultado leva em conta as duas notas.
- Se ela cair em pé, mesmo com uma execução ruim, será a maior nota da competição com uma grande diferença para a segunda colocada. Mas o salto é muito difícil, e a chegada não tem contato visual porque vem de frente. Mas veja que a nota final é a média dos dois saltos, então ela precisa ter outro salto de grau de dificuldade alta e também acertar - conta a árbitra brasileira da Federação Internacional de Ginástica (FIG), Andréa João.
A decisão de arriscar o Produnova foi tomada há apenas um ano. Yamilet e seu treinador, Francisco Sanchez Susana, sonhavam com o Mundial do Japão e com as Olimpíadas.
- Só teria chance de me classificar às Olimpíadas se fizesse algo que não tivessem visto. Para as meninas é muito mais difícil executá-lo porque não temos tanta força quanto os meninos - conta Yamilet, após um treino em ginásio ao lado de arena de North Greenwich, onde serão as competições de ginástica.
Venda de broches para ir a Londres
Yamilet Peña começou a competir internacionalmente aos 9 anos. Era 2003, e Santo Domingo, cidade onde mora, recebia os Jogos Pan-Americanos. Naquela época, a ginástica deixava de ser um sonho distante para ela.
- Eu era uma menina de 9 anos e, ao ver o Pan, tive a certeza de que a ginástica era meu esporte e que iria seguir a carreira de atleta - conta a dominicana.
Yamilet nasceu em uma família de poucos recursos e em um país onde a ginástica não tem tradição. Ela treina em um ginásio sem condições adequadas para uma atleta de alto rendimento e recebe do governo bolsa equivalente a R$ 150. Com a vaga para Londres conquistada, foi necessário buscar apoio. Até broches com o nome dela foram fabricados e postos à venda para ajudá-la na empreitada.
Foi uma campanha-relâmpago. A iniciativa privada se mobilizou, e Yamilet viu cair sobre ela uma enxurrada de ajuda. Por meio de convênios, viajou à França, onde passou a treinar em aparelhos de primeira linha.
- Representar a ginasta dominicana pela primeira vez é fascinante, não tenho palavras para explicar. Esperamos que minha participação ajude a desenvolver a ginástica na República Dominicana. Ainda é um esporte pouco reconhecido.
- Eu era uma menina de 9 anos e, ao ver o Pan, tive a certeza de que a ginástica era meu esporte e que iria seguir a carreira de atleta - conta a dominicana.
Yamilet nasceu em uma família de poucos recursos e em um país onde a ginástica não tem tradição. Ela treina em um ginásio sem condições adequadas para uma atleta de alto rendimento e recebe do governo bolsa equivalente a R$ 150. Com a vaga para Londres conquistada, foi necessário buscar apoio. Até broches com o nome dela foram fabricados e postos à venda para ajudá-la na empreitada.
Foi uma campanha-relâmpago. A iniciativa privada se mobilizou, e Yamilet viu cair sobre ela uma enxurrada de ajuda. Por meio de convênios, viajou à França, onde passou a treinar em aparelhos de primeira linha.
- Representar a ginasta dominicana pela primeira vez é fascinante, não tenho palavras para explicar. Esperamos que minha participação ajude a desenvolver a ginástica na República Dominicana. Ainda é um esporte pouco reconhecido.
Por causa de Yamilet, República Dominicana teve curso para técnicos
A ginástica na República Dominicana ainda engatinha, mas Yamilet já fez com que o esporte desse os primeiros saltos. Os resultados dela mobilizaram o país de tal maneira que a confederação local pediu ajuda à FIG. Queria capacitar os professores do país. Em junho, Andréa João foi até lá por uma semana. Turma lotada.
- Yamilet é quase uma Daiane dos Santos na República Dominicana. Isso levou o país a solicitar um curso lá, e a FIG correspondeu.
Alguns anos atrás, Francisco, treinador de Yamilet, participou de um desses cursos.
- Este projeto tem democratizado o conhecimento da ginástica e criado oportunidades de mais países terem acesso ao que antes era restrito somente aos países do leste europeu. A classificação da Yamilet para os Jogos Olímpicos bem como sua participação nas finais de um campeonato mundial já podem ser consequência deste trabalho.
A ginástica na República Dominicana ainda engatinha, mas Yamilet já fez com que o esporte desse os primeiros saltos. Os resultados dela mobilizaram o país de tal maneira que a confederação local pediu ajuda à FIG. Queria capacitar os professores do país. Em junho, Andréa João foi até lá por uma semana. Turma lotada.
- Yamilet é quase uma Daiane dos Santos na República Dominicana. Isso levou o país a solicitar um curso lá, e a FIG correspondeu.
Alguns anos atrás, Francisco, treinador de Yamilet, participou de um desses cursos.
- Este projeto tem democratizado o conhecimento da ginástica e criado oportunidades de mais países terem acesso ao que antes era restrito somente aos países do leste europeu. A classificação da Yamilet para os Jogos Olímpicos bem como sua participação nas finais de um campeonato mundial já podem ser consequência deste trabalho.
Adoro ver a Daiane se apresentar no solo e a Daniele na barra"
Yamilet
Yamilet conhece bem a ginástica a ginástica brasileira. Soube do corte de Jade Barbosa, brasileira que disputaria com ela a prova de salto. Se for possível, vai assistir às apresentações de Daiane dos Santos e de Daniele Hypolito.
- Adoro ver a Daiane se apresentar no solo e a Daniele na barra.
Em 2005, Yamilet esteve no Rio de Janeiro. Disputou o Pré-Pan, garantiu vaga, mas não voltou em 2007, por conta de lesões. Espera ter nova chance em 2016, nas Olimpíadas. Espera que, até lá, as quedas não a atrapalhem mais uma vez.
- O nível da ginástica dominicana era muito baixo. Eu me classifiquei para o Pan, mas tive algumas lesões, então não pude competir. Se elas não me impedirem, estarei em 2016. Olimpíadas no Brasil, imagina... Vai ser incrível...
- Adoro ver a Daiane se apresentar no solo e a Daniele na barra.
Em 2005, Yamilet esteve no Rio de Janeiro. Disputou o Pré-Pan, garantiu vaga, mas não voltou em 2007, por conta de lesões. Espera ter nova chance em 2016, nas Olimpíadas. Espera que, até lá, as quedas não a atrapalhem mais uma vez.
- O nível da ginástica dominicana era muito baixo. Eu me classifiquei para o Pan, mas tive algumas lesões, então não pude competir. Se elas não me impedirem, estarei em 2016. Olimpíadas no Brasil, imagina... Vai ser incrível...


Yamilet posa com uma réplica da tocha na Vila
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