Reunião nesta quinta decretou que tecnologia poderá ser usada para acabar com lances duvidosos. Mundial de Clubes, em dezembro, terá dispositivo
A tecnologia, enfim, será implementada no futebol. Em reunião realizada nesta quinta-feira, na sede da Fifa, em Zurique, na Suíça, os membros da International Board aprovaram por unanimidade o uso do chip nas bolas para confirmação dos gols. O dispositivo emitirá um alerta instantâneo aos árbitros assim que a bola ultrapassar a linha do gol e será testado pela primeira vez em uma competição oficial no Mundial de Clubes da Fifa, que será realizado no Japão, em dezembro, com participação do Corinthians, campeão da Libertadores. Se aprovado, será usado na Copa das Confederações 2013, no Brasil.
A decisão do uso do chip em bolas não torna a ação obrigatória e as confederações nacionais estão livres para colocarem em prática ou não a nova regra. Durante o encontro em Zurique, outras decisões foram tomadas. Entre elas, a manutenção dos árbitros auxiliares atrás das traves e a aprovação do uso de burcas em jogos de futebol feminino.
A decisão muito tem a ver com a pressão dos ingleses pelo uso do dispositivo após o gol não assinalado de Frank Lampard nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2010, na derrota por 4 a 1 diante da Alemanha. O lance foi o preponderante para que os testes da tecnologia recomeçassem e culminassem com o anúncio desta quinta. Ao todo, nove empresas participaram das provas, com duas delas sendo aprovadas. Cinco membros da International Board participaram da decisão, sendo quatro representantes do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) e um da Fifa (que tem voto peso 4).
Principais motivadores da novidade, os ingleses têm uma relação peculiar com esse tipo de jogada: dúvida se a bola cruzou a linha do gol ou não. Inclusive, sendo protagonistas (desta vez como “beneficiados”) da maior polêmica da história: quando Geoff Hurst marcou, aos 11 minutos da prorrogação, o terceiro gol na vitória por 4 x 2, também contra os alemães, na final da Copa do Mundo de 1966. Até hoje paira a dúvida se a bola cruzou ou não a linha em Wembley após tocar no travessão. A baliza, por sinal, está exposta no museu do estádio como um troféu para os inventores do futebol.
Mais recentemente, os ingleses também foram beneficiados com a não marcação de um gol da Ucrânia, em partida pela fase de grupos da Eurocopa. As câmeras de televisão mostraram que John Terry tirou já dentro do gol o chute de Konoplyanka na vitória por 1 a 0 que levou o English Team às oitavas.
Como se não bastassem os casos envolvendo a equipe nacional, duas partidas na última temporada também tiveram a mesma polêmica na terra da rainha: o QPR reclamou um gol não validado na derrota por 2 a 1 para o Bolton, na Premier League; o Liverpool viu o empate com o Chelsea na final da Copa da Inglaterra parar em defesa de Petr Cech em lance duvidoso, e os próprios “Blues” tiveram validado um gol polêmico de Juan Mata na semifinal da mesma competição, diante do Tottenham.
Blatter satisfeito
A aprovação do uso da tecnologia no futebol agradou o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Nos últimos meses, o dirigente vinha defendendo a idéia de que a bola com chip fosse usada já na Copa das Confederações, que será realizada em junho de 2013, no Brasil.
Reticente a ideia do uso da tecnologia, o presidente da Uefa, o francês Michel Platini, não esteve no encontro em Zurique.
Reticente a ideia do uso da tecnologia, o presidente da Uefa, o francês Michel Platini, não esteve no encontro em Zurique.
Por Cahê MotaDireto de Zurique, Suíça
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