Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO, 2 Jul (Reuters) - Se há um esporte em que o Brasil pode ser considerado uma potência olímpica, é o vôlei de praia. E se há um atleta que representa isso à altura, é Emanuel.
Aos 39 anos, o curitibano vai para sua quinta Olimpíada em Londres em busca da terceira medalha seguida. Emanuel esteve em todos os Jogos Olímpicos em que o vôlei de praia foi disputado, desde a estreia em Atlanta-1996.
O auge da carreira aconteceu em Atenas-2004, quando conquistou a medalha de ouro ao lado do ex-parceiro Ricardo. Em Pequim, há quatro anos, o favoritismo da dupla na busca pelo bicampeonato esbarrou nas semifinais, e a medalha de bronze foi um prêmio de consolação.
Faltou, na opinião dele, encarar da forma certa o jogo contra os compatriotas Márcio e Fábio Luiz, considerados azarões, mas que derrotaram os favoritos.
"A grande lição que eu tive é que todo jogo é importante, todo jogo é uma final e todo jogo você tem que estar 100 por cento. Na Olimpíada é uma partida por dia e você tem que encarar como uma final por dia, sabendo que alguma coisa pode acontecer errada e você precisa saber sair dessa situação", disse Emanuel em entrevista à Reuters, no último dia de treino antes de embarcar para a disputa de três campeonatos na Europa, a partir desta semana.
Os Jogos de Londres são a conclusão de uma preparação iniciada logo após a Olimpíada passada, que incluiu uma mudança radical. Ricardo, parceiro nos dois pódios olímpicos, deu lugar a Alison, numa dupla montada especialmente para os Jogos de 2012.
Calmo e de fala ponderada, Emanuel é o ponto de equilíbrio, dentro e fora de quadra. Especialista na defesa, é considerado um dos jogadores mais habilidosos do circuito mundial. Alison, de 26 anos, leva o vigor físico para os bloqueios e a disposição da juventude.
Campeões mundiais em 2011, eles também lideram o circuito este ano e chegam aos Jogos como favoritos a brigar pelo ouro com a dupla dos EUA atual campeã olímpica Rogers/Dalhausser. O Brasil também será representado pela parceria Ricardo/Pedro Cunha.
"Eu tive a oportunidade de participar de uma Olimpíada com 23 anos, eu era muito jovem, não entendia o que seria uma Olimpíada, qual era a abrangência e o que eu poderia representar para o meu país", disse o atleta. Os resultados obtidos por ele nas duas primeiras Olimpíadas ficaram muito abaixo das expectativas: 9o tanto em Atlanta-1996 quanto em Sydney-2000.
"O Emanuel de hoje, com 39 anos, entende como funciona e o que significa. Vou para uma Olimpíada muito mais preparado e com o planejamento todo bem feito. Você tem que saber o que vai fazer e nós estamos muito confiantes do trabalho que a gente fez", afirmou.
LONGA CARREIRA
As nove medalhas conquistadas pelo Brasil na modalidade são mais do que qualquer outro país. No entanto, apenas duas são de ouro (Jackie/Sandra em 1996 e Ricardo/Emanuel em 2004), com cinco de prata e dois bronzes. Os Estados Unidos, com sete medalhas no total, têm cinco ouros.
Emanuel destaca a profissionalização do esporte como o principal diferencial a favor dos brasileiros, e considera a fórmula do vôlei de praia a melhor maneira de tornar o país uma potência olímpica em outras modalidades para os Jogos de 2016 que serão realizados no Rio de Janeiro.
"A coisa mais importante é o sistema do profissionalismo. Todas as duplas brasileiras hoje têm uma comissão técnica grande e completa. O Brasil saiu muito na frente em termos de estrutura", disse Emanuel, logo após encerrar um treinamento em que contou com nove pessoas de sua comissão técnica na quadra.
"Essas 10 pessoas nos ajudando fazem o treino ser mais veloz, a gente aproveita cada minuto no treino. Podemos ensinar em termos de estrutura. Nos últimos 20 anos foi o esporte que mais se estruturou."
Morando e treinando no Rio de Janeiro, Emanuel tem todos os motivos para sonhar com uma sexta participação olímpica quando os Jogos forem realizados na cidade, em 2016. A decisão, no entanto, ainda não foi tomada e vai depender de uma conversa com a mulher, a ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei Leila.
"Eu sou um atleta bem empolgado. Nós formarmos essa parceira com o Alison em função da Olimpíada, então 2012 acaba esse ciclo. Acho que 2013 eu tenho que sentar com a minha família novamente, pesar o que fazer, porque já são mais de 22 anos jogando, é uma longa carreira."
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